"A arte é uma actividade que procura como resultado não um objecto, mas uma força que age sobre o espectador - mesmo quando o faz com rumores" Harold Rosenberg
A casa é o centro do mundo.
O mundo cabe dentro de casa. Uma casa habitada pela arquitectura, inserida num bairro (Centro Cultural de Belém), a partir do qual se acede por uma porta, e na qual entramos para descobrir as suas intimidades e segredos. É nesse sentido uma casa tradicional constituída por uma rede de salas, de proporção e escala diferentes: sequência de espaços independentes, ao mesmo tempo abertos e permeáveis entre si. Uma casa que acolhemos como nossa. Uma casa para voltar.
Dentro de casa, o mundo inteiro. Um mundo unido, sem fronteiras, no qual cada país (núcleo), tendo o seu espaço, está em constante contágio com os restantes. Um permanente jogo no qual o observador tem total liberdade.
Um jogo de múltiplas escolhas onde em cada espaço existe a descoberta do espaço seguinte e o surpreendente vislumbre do espaço distante. Ocasionalmente o jardim. Por fora a fugaz percepção do todo, por dentro a sua lenta e fascinante descoberta. Deixamo-nos propositadamente perdermo-nos dentro de casa. Sabemos que estamos bem. Estamos em casa.
A proposta materializa este paradigma. A construção de uma estrutura ortogonal, intimamente adaptada e enquadrada na estrutura do Museu Colecção Berardo, cuja modulação respeita e repete, tira partido das características do contexto que a recebe, e ao qual se adequa na sua definição tipológica.
Uma estrutura rectangular recebe e organiza núcleos distintos. Um eixo central, composto por uma sequência de salas recebe o conteúdo de Portugal, enquanto os núcleos restantes, numa apropriação igualmente contínua de espaços, se juntam a ele nos lados norte e sul do conjunto. Constroem-se assim cinco núcleos diferentes, de dimensão idêntica, tipologicamente semelhantes, que partilham um todo comum e regular. A uni-los 4 espaços neutros, de transição que se constituem como os espaços de fronteira, lugares de trânsito, momentos clandestinos.
Unindo as diferentes salas abrem-se múltiplas portas e janelas, que, unindo funcionalmente os espaços contíguos, sugerem a leitura linear do todo. Ao mesmo tempo estas aberturas quebram as barreiras entre os diferentes núcleos expositivos, unindo-os visualmente de forma transversal. O Percurso linear da exposição é assim sugerido, mas não imposto, sendo ao observador concedida a liberdade de trajecto, – papel activo na fruição do conteúdo - permitindo-lhe diversos graus de apropriação, múltiplas leituras da exposição.
Existe neste projecto a premissa de flexibilidade necessária a diferentes configurações, novas propostas de curadoria e a diversos contextos. Esta preocupação encontra resposta na grande possibilidade da matriz se adaptar em termos de escala, de dimensão dos espaços, de aberturas entre eles, e, consequentemente, de dimensão relativa entre os diferentes núcleos previstos. Espelha-se assim a ambição de “Obra Colectiva”, resultante da interacção entre projectistas e a equipa de comissários.
Construtivamente simples, a montagem da exposição será erguida com recurso a métodos ligeiros e económicos, centrados em sistemas de estrutura metálica ligeira à qual são acopladas placas de gesso cartonado e acabamento. Sistema mundialmente enraizado, a sua utilização garante a economia e facilidade de aplicação noutros locais, assim como constitui uma excelente mais valia quanto à rapidez e facilidade de montagem e desmontagem. Acresce o facto de ser um sistema de componentes totalmente recicláveis, que geram poucos resíduos na sua aplicação, sendo um material que pode ser perfeitamente desmontável e reutilizável.
O Design de comunicação será integrado no projecto expositivo de forma a garantir um sistema de sinalética legível e coerente. A escolha da tipografia, o desenho de elementos orientadores e pictogramas neste sistema, permitirá a clara percepção da informação, e orientará o observador, sem interferir com o espaço expositivo e com a arquitectura.
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